17 junho 2013

Os espaços públicos podem e devem ser ocupados

As manifestações contra a tarifa dos ônibus são apenas um passo no longo processo de construção da democracia e da cidadania

Por Reinaldo Canto*

Os recentes protestos não deveriam ser razão de tanto espanto, a ponto de causar reações indignadas vindas de setores mais conservadores ou mesmo acomodados da sociedade brasileira (tão pouco acostumadas a manifestações cidadãs de revolta e rebeldia).
Nesse sentido estivemos durante muitos anos - aliás, desde o estabelecimento da ditadura - desacostumados a grandes demonstrações civis de descontentamento generalizado.
Com exceções de algumas delas cobertas de consenso como as Diretas Já ou o Fora Collor, as concentrações estiveram sempre ligadas a setores específicos como greves de professores, metroviários que atuavam especificamente nas questões salariais e melhorias nas condições de trabalho.
Muito diferente é quando surgem nas telas da tevê milhares de pessoas em marcha pelas principais avenidas de São Paulo acompanhadas de imagens de lixos revirados, vidraças quebradas e cabines policiais incendiadas. Parece o fim dos tempos.
A clara distorção ao não mostrar o outro lado contribui para que muitos tenham a sensação de estarmos cercados de baderneiros.
A verdade nesses tempos de smartphones, facebooks e comunicações instantâneas não tardam a aparecer e derrubar os argumentos de mídias conservadoras que insistem em colocar os manifestantes na fácil alcunha de “vândalos”, “baderneiros sem causa” e outras adjetivações, inclusive de baixo calão.
Na vã tentativa de criar uma realidade paralela baseada em condomínios fechados, carros blindados e saúde privatizada, a nossa pretensa elite tenta se manter distante e alheia à construção de uma sociedade mais equilibrada, justa e sustentável.
Os espaços públicos que deveriam servir a todos acabam sendo paulatinamente “roubados” da sociedade em nome do progresso ou abandonados e deteriorados.  Parece que às nossas autoridades será melhor que as pessoas frequentem os paraísos de compras, os conhecidos shopping centers, do que passar um belo domingo de sol em parques e praças públicas. No lugar da integração fica a exclusão com todo o mal que trás as relações sociais.
Mas as inúmeras manifestações que vêm ocorrendo em todo o mundo, pelas mais diversas razões, carregam em seu íntimo o inconformismo de muitos pelo direito à liberdade de expressão. E aqui não poderia ser diferente, mesmo que tivesse demorado a chegar.
Os problemas das metrópoles brasileiras estão aí expostos para quem quiser ver e é praticamente impossível negá-los: dificuldades de mobilidade cada vez maiores (incentivo ao uso e compra do automóvel em detrimento do transporte público); deterioração de bairros e regiões inteiras (em nome da especulação imobiliária); falta de segurança; a ausência, enfim, de políticas públicas que busquem efetivamente contemplar a maior parte da população e só faz agravar as consequências dos desequilíbrios.
Os jovens e os não tão jovens que decidiram agora ocupar os espaços públicos estão resgatando o óbvio: em primeiro lugar, o direito inalienável de se manifestar. Já a nossa polícia, ainda sob os resquícios de tempos tristes e obscuros, demonstra não estar preparada para receber a incumbência de proteger os manifestantes, mas de reprimi-los a todo custo, pois em sua formação militar o espaço público possui a mera função de se manter livre e desimpedida, apenas para a circulação, o fluxo “ordeiro” determinado por seus superiores.
Quando milhares de pessoas tomam as ruas, nossos policiais passam a encará-los como verdadeiros combatentes inimigos, uma turba selvagem a corromper a ordem e o progresso. Entre esses “adversários do mal” também se encontram jornalistas como o colega desta CartaCapital, Piero Locatelli, preso por de portar uma poderosa e ameaçadora garrafa de vinagre.
Assim como em outros países, as manifestações só estão começando.
Os tais 20 centavos de aumento para um transporte público de má qualidade foi apenas o estopim para outras, que certamente virão.
Nossas autoridades, antes de condenar alguns poucos atos de pretenso “vandalismo”, devem estar atentas às reivindicações e priorizar o interesse coletivo. Tratar a todos com respeito e buscar o diálogo trarão mais benefícios do que o enfrentamento irracional.
*Publicado originalmente no site da revista Carta Capital

07 junho 2013

Lixo: muita sujeira para baixo do tapete

Novo relatório sobre a situação dos resíduos sólidos no país revela a falta de entendimento generalizado sobre a gravidade do problema.

A sociedade brasileira, com raras e honrosas exceções, segue acreditando em mágica e fenômenos milagrosos dignos de feiticeiros e curandeiros dos tempos mais primitivos. Só a completa ignorância a envolver autoridades públicas, iniciativa privada e população em geral para desconhecer de maneira tão persistente e descontrolado aumento na geração de lixo, ou melhor, resíduos sem que isso traga consequências nefastas para todos.
A crença semelhante aos de mitos tradicionais como Papai Noel e Coelhinho da Páscoa é, nesse caso, transposto sem qualquer dificuldade para um mundo pretensamente adulto, em relação ao fantástico desaparecimento dos sacos de lixo. Algo extraordinário a rivalizar com as maiores façanhas de grandes mágicos. Pois basta colocar na porta de casa ou ao fim de um dia de trabalho intenso de uma loja ou restaurante para que aquele material descartado simplesmente desmaterialize de maneira inodora e indolor.
Só assim para entender as conclusões do Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil, divulgado recentemente pela Abrelpe (Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais). Em 2012 a geração de lixo por habitante chegou à casa dos 383 quilos anuais, o que representou quase 64 milhões de toneladas de resíduos gerados no País durante o ano passado. Os números correspondem a um aumento de 1,3% em relação ao relatório de 2011, maior do que o crescimento populacional de 0,9% constatado no mesmo período.
Mais grave do que o aumento progressivo na geração de resíduos é a quantidade de 24 milhões de toneladas que tiveram uma destinação irregular, ou seja, descartados no mínimo de maneira inadequada em aterros apenas controlados, lixões e até mesmo em rios, córregos e terrenos sem qualquer preparo para receber esses materiais. Lembra-se do incrível caso dos sacos de lixo que desintegraram citados acima? Pois bem, está aí uma boa parte deles. Exatamente o que acontece em uma boa mágica, apenas uma ilusão de ótica ou coisa parecida. O descarte irregular traz prejuízos imensos em forma de doenças, poluição e a consequente perda de qualidade de vida.
As cidades na contramão 
São mais de 3 mil municípios brasileiros que ainda não tratam a gestão de resíduos como algo prioritário e urgente na administração pública. Mesmo sendo um fator que pesa no orçamento municipal, uma parte considerável dos nossos prefeitos pouco faz para mudar essa realidade. Perguntados pelos pesquisadores responsáveis pela elaboração do Panorama de Resíduos Sólidos, entre os mais de 5.500 municípios do País, 60% informaram realizar algum tipo de coleta seletiva. Portanto, outros 40% responderam negativamente à pergunta. Isso significa que mais de 2.200 cidades do País não realizam a separação de materiais que vão integralmente para aterros e lixões - que, em sua maioria, estão em situação de esgotamento.
A publicação do relatório com os dados relativos a 2012 fechou o ciclo de dez anos em que a Abrelpe realiza esse levantamento. Entre algumas poucas boas notícias, tais como o aumento da destinação mais correta e um pequeno crescimento na reciclagem, nessa década de pesquisa tivemos o agravamento dos problemas que envolvem a geração de resíduos. Só para ficar em um número emblemático, há dez anos eram recolhidas 166 mil toneladas de lixo por dia e agora esse montante atingiu a marca de 201 mil toneladas diárias. Enquanto, no período, a população brasileira cresceu pouco menos de 10%, a geração do nosso lixo de cada dia subiu para 21%.
Falta pouco mais de um ano para que a Política Nacional de Resíduos Sólidos entre definitivamente em vigor. Mesmo assim nos afastamos cada vez mais de seus principais objetivos: gerar menos resíduos, eliminar lixões e, efetivamente, formar uma cadeia produtiva baseada na logística reversa e no reaproveitamento e reciclagem de materiais capazes de criar empregos e eliminar problemas que afetam, de uma maneira ou outra, a todos nós brasileiros.
Assim como precisamos entender que os sacos de lixo não desaparecem e já não tem mais tanto tapete para empurrar a sujeira, a responsabilidade também precisa ser entendida como algo compartilhado, pois a solução só será alcançada com a participação de todos, sejam governos, empresas ou cidadãos.

03 junho 2013

Plante árvores com a ONG Iniciativa Verde na Virada Sustentável

Frequentadores do Parque Villa-Lobos terão a oportunidade de plantar mudas de Mata Atlântica e conhecer de perto o trabalho da organização

Reserve na agenda o dia 9 de junho, domingo. Na data, a ONG Iniciativa Verde realizará um Plantio Simbólico. A ação contará com  mudas de árvores diversas disponibilizadas pela instituição para que os visitantes do Parque Villa-Lobos, localizado na Zona Oeste de São Paulo, plantem a sua árvore dentro de área indicada. Este evento faz parte do calendário oficial da Virada Sustentável de 2013.
O plantio será aberto às pessoas de todas as idades, sejam elas frequentadoras do parque, participantes da Virada Sustentável ou convidados. As pessoas terão a oportunidade de conhecer as árvores da Mata Atlântica, aprender a plantar as mudas corretamente e se divertir colocando a mão na terra. Além disso, será realizada uma breve palestra sobre as ações da Iniciativa Verde e que explicará a importância do reflorestamento de áreas de preservação.

Por que plantar árvores é importante?
O principal objetivo da ação é chamar a atenção da população para a importância da recomposição. Na cidade, as árvores embelezam a paisagem, melhoram a qualidade do ar, fornecem sombra, ajudam a reduzir a sensação de calor e atuam no combate às enchentes.
Além disso, as árvores absorvem o gás carbônico presente em nossa atmosfera. Dessa maneira, elas contribuem para reduzir os efeitos do aquecimento global. No meio rural, as florestas como a Mata Atlântica são fundamentais para a manutenção da biodiversidade e da qualidade dos recursos hídricos.

O que a Iniciativa Verde faz?
Ela é uma organização não governamental (ONG) que tem como missão o combate às mudanças climáticas impulsionadas pelas ações humanas. Para tal, a Iniciativa Verde realiza compensação das emissões de gases de efeito estufa restaurando a Mata Atlântica e faz inventários de carbono de empresas ou de outras instituições interessadas. Além disso, a ONG trabalha com projetos de educação ambiental e desenvolve pesquisas relacionadas às mudanças climáticas e à Mata Atlântica.

Plantio Simbólico
Data: 9 de junho de 2013
Horário: 12h
Local: Parque Villa-Lobos
Endereço: Avenida Professor Fonseca Rodrigues, 2011 - Alto dos Pinheiros (São Paulo)

Saiba mais sobre as ações da Iniciativa Verde no site: www.iniciativaverde.org.br

Informações para imprensa

Reinaldo Canto: (11) 99976-1610, reicanto@uol.com.br ou imprensa@iniciativaverde.org.br